20 setembro 2009

16 setembro 2009

Acaso

O acaso aconteceu sutilmente. O encontro pareceu tão fácil.

O riso foi mais feliz.
A vontade existia com mais força.

Tudo se fez tão simples, até que o tempo passou. Perdeu-se a magia. Esqueceu-se da afinidade. Não houve esperança.

Não existiu nada valioso o suficiente que justificasse o querer e que fizesse o tudo bastar, mesmo quando se fica com o nada ou o muito pouco.

Embora nem toda distância seja ausência e nem todo silêncio seja esquecimento, com distância não se brinca e com falta de tempo também não.

É tão evidente,
O acaso foi só um acaso.

05 setembro 2009

Um pulo no escuro

De repente, a brisa cessou.
O azul dissipou-se e o céu escureceu, eu estava sozinha.

Tive medo, pensei em correr depressa como se a vida já não fosse rápida demais, mas qualquer passo era um pulo para o escuro e eu me perderia, eu sei.

Deitei de costas onde antes, no claro, existia grama e olhei para o alto procurando os raios de sol que antes cortavam o céu. Concentrei-me em ouvir o silêncio.

"A vida nunca poderá te dar segurança, somente oportunidades", dizia a sorte do dia. Em um segundo, um turbilhão de vozes ecoaram ao meu redor.

Vozes conhecidas e desconhecidas chocavam-se contra meus ouvidos por mais que eu tentasse protegê-los com as mãos.

"Por mais que demore, demora só no começo.", elas repetiam tão altas e desordenadamente que pareciam me obrigar a entender algo que eu não entendia.

"Por mais que demore, demora só no começo.", repeti baixinho, buscando compreender porque ainda demora se o começo já passou. Tudo emudeceu.

Abaixei as mãos, permaneci ali sem me mover e, por alguns instantes, uma brisa cálida me abraçou.
"Os olhos acostumam-se com o escuro, por isso sempre existe uma luz.", ela segredou, tornando-me grande e significante frente à imensidão do espaço.

"Ouça: você não está perdida.", uma voz familiar sussurrou em meu ouvido - minha própria voz.

Levantei no susto de seu sussurro. Olhei para os lados - ainda éramos eu, o nada e sua magnitude.

Sentei no chão com olhos cheios d’água. Cada gota que escorria por minha face tinha o brilho de cegar.

Com gratidão, sorri.
Sempre esteve aqui dentro.

Eu estava, incrivelmente, em paz.

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